INFORMAÇÕES ECOTOXICOLÓGICAS
 
A ecotoxicologia preocupa-se com o estudo das ações e efeitos nocivos de agentes físicos e químicos presentes no meio ambiente sobre os constituintes vivos dos ecossistemas, tendo com principal finalidade avaliar o risco resultante da presença de tais agentes.

Para cumprir tal objetivo, ela necessita do maior número possível de informações sobre cada um dos agentes. Assim, existem várias fontes de obtenção do conhecimento da toxicidade das substâncias químicas e da relação risco-segurança. Entre elas temos a experimentação animal, a experimentação com voluntários e a pesquisa epidemiológica.

O tipo de pesquisa mais utilizada é a experimentação com animais. Ela permite:
• prever o tipo de lesão causada por uma exposição excessiva, particularmente quando se trata de novas substâncias para as quais não se dispõe ainda de informações clínicas;
• definir o mecanismo de ação das substâncias químicas, isto é, a natureza das alterações bioquímicas ou fisiológicas, responsáveis pelo desenvolvimento dos sinais e sintomas clínicos;
• descobrir possíveis antídotos;
• determinar o grau de exposição ao qual nenhuma manifestação tóxica ocorre;
• estudar as interações entre diferentes substâncias químicas.

Apesar de muitas restrições, é com base no trabalho com animais que é elaborada a maior parte dos limites e padrões de exposição. Deve-se ressaltar que, sendo as investigações detalhadas freqüentemente impraticáveis com o homem, há a necessidade de extrapolar os resultados, sendo por isso necessário aplicar sempre fatores de segurança.

Toxicidade – limites e padrões: entende-se por toxicidade como a capacidade inerente a uma substância química de produzir um efeito deletério sobre um sistema biológico.

L.P.O.(3)– Limite de Percepção Olfativa: dado que indica a menor concentração de uma substância no meio ambiente, detectável através do odor. É um valor que apresenta restrições resultantes das diferenças de percepção entre uma e outra pessoa.

P.P.(35)– Padrão de Potabilidade: é o padrão requerido para a qualidade da água de consumo humano.

IDLH / IPVS – Immediately Dangerous to Life or Health Air Concentration / Imediatamente Perigoso à Vida ou à Saúde: representa a máxima concentração no ar de substância na qual um trabalhador saudável, do sexo masculino, pode ficar exposto por 30 minutos e ainda ser capaz de escapar sem perda da vida ou dano irreversível à saúde.

LT: Brasil – Limites de Tolerância:
(35) denominam-se àquelas concentrações dos agentes químicos ou intensidade dos agentes físicos presentes no meio ambiente de trabalho sob as quais a grande maioria dos trabalhadores podem ficar expostos dia após dia, sem sofrer efeitos adversos à sua saúde.
• Valor médio 48 horas: os valores limites recomendados pelo Ministério do trabalho referem-se a uma jornada de trabalho de 8 horas diárias e 48 horas semanais.
• Valor Teto: representa uma concentração máxima que não pode ser excedida em momento algum da jornada de trabalho.

LT E.U.A - TWA – Limite de Exposição – Média Ponderada pelo Tempo (TLV – TWA – Threshold Limit Value – Time Weighted Average):(10) é a concentração média ponderada pelo tempo para uma jornada normal de 8 horas diárias e 40 horas semanais, à qual a maioria dos trabalhadores pode estar repetidamente exposta, dia após dia, sem sofrer efeitos adversos à saúde.

LT EUA - STEL – Limite de Exposição – Exposição de Curta Duração (TLV – STEL – Threshold Limit Value – Short-Term Exposure Limit):(10) é a concentração a que os trabalhadores podem estar expostos continuamente por um período curto sem sofrer irritação, lesão tissular crônica ou irreversível ou narcose em grau suficiente para aumentar a predisposição a acidentes, impedir o auto-salvamento ou reduzir a eficiência no trabalho, cuidando-se para que o limite de exposição - média ponderada (TLV-TWA), não seja ultrapassada. Um STEL é definido como uma exposição média ponderada pelo tempo durante 15 minutos que não pode ser excedida em nenhum momento da jornada de trabalho, mesmo que a concentração média ponderada para 8 horas esteja dentro dos limites de exposição acima de TLV-TWA. Exposições acima do TLV-TWA, mas abaixo do STEL, não podem ter duração superior a 15 minutos, nem se repetir mais de quatro vezes ao dia. Deve existir um intervalo mínimo de 60 minutos entre as exposições sucessivas nesta faixa. Pode-se recomendar um período médio, diferente dos 15 minutos, desde que garantido por observação dos efeitos biológicos. Em algumas situações poderá ser informado que o valor apresentado refere-se ao valor teto (TLV-C), cuja definição encontra-se a seguir.

LT EUA - Limite de Exposição – Valor Teto (TLV-C – Threshold Limit Value – Ceiling):(10) é a concentração que não pode ser excedida durante nenhum momento da exposição do trabalhador.

Toxicidade ao homem e animais superiores (vertebrados): dentre os meios que a toxicologia dispõe para conhecer a toxicidade dos agentes químicos merecem destaque as pesquisas experimentais que freqüentemente utilizam animais de laboratório, as pesquisas de caráter epidemiológico e a observação crítica de dados que ocorrem de certa maneira ao acaso no meio ambiente.

A experimentação com animais de laboratório pode elucidar importantes mecanismos de ação dos agentes tóxicos e os aspectos qualitativos das relações daqueles agentes com os organismos vivos. Porém, escassamente gerará dados quantitativos que possam ser direta e imediatamente aplicados ao homem. Neste trabalho os itens MDT (menor dose tóxica publicada) e MCT (menor concentração tóxica publicada) poderão ser preenchidos à medida que haja dados disponíveis.

Existem diversas vias de introdução de agentes tóxicos num organismo, neste trabalho foram escolhidas as de real importância: pulmonar, digestiva e cutânea.

CL50 – Concentração Letal cinqüenta: è a concentração de um agente num meio que causa mortalidade em cinqüenta por cento (50%) da população exposta, durante um determinado período de tempo. Para a classificação adotada utiliza-se a CL50, via respiratória para rato ou camundongo.

DL50 – Dose Letal cinqüenta : é a dose calculada de um agente num meio que causa mortalidade em cinqüenta por cento (50%) da população animal em condições bem definidas, por qualquer via de administração, exceto por inalação. Para a classificação adotada utiliza-se a DL50, via oral para rato ou camundongo.

CLLo (ou LCLo) – Concentração Letal mínima : é a menor concentração de uma substância no ar, que causa algum efeito tóxico no homem, cancerígeno ou reprodutivo em animais, quando expostos por um dado período de tempo.
TLm – (96 horas): exprime que aproximadamente 50% dos organismos testados mostraram comportamento anormal (incluindo a morte) sob condições de concentração e tempo dados, no caso, 96 horas. O bioensaio pode ser realizado em meio aquático estático ou de fluxo contínuo.

Toxicidade aos organismos aquáticos : a toxicidade aquática estuda os efeitos tóxicos de agentes físicos e químicos sobre os organismos representativos do ambiente aquático.

O meio aquático é considerado o mais importante compartimento receptor, pois substâncias químicas lançadas no ar ou no solo irão atingi-lo através das chuvas, lavagem do solo e infiltrações.

O estudo dos efeitos de agentes tóxicos sobre a vida aquática pode ser realizado através de ensaios biológicos "in loco" ou em condições laboratoriais, sendo estes últimos mais utilizados por permitirem um controle mais efetivo dos fatores ocasionais (exemplo: temperatura, pH, duração de exposição, meio, concentração). Ao se avaliar a toxicidade de agentes tóxicos ou misturas destes, frente a um reativo biológico (geralmente se utiliza uma população homogênea, possuindo uma sensibilidade definida) determinando-se a concentração responsável por um efeito tóxico (efeito letal, sub-letal, crônico, imobilização ou modificação do comportamento, entre outros). Estes podem ser realizados utilizando-se sistemas de fluxo contínuo, semi-estáticos ou estáticos. Quanto ao meio, pode-se utilizar meio aquático do tipo água continental (água dura – rica em bicarbonatos e sulfatos dissolvidos; água mole – isenta de íons cálcio e magnésio), marinha ou salobra, que podem ser provenientes de uma fonte natural ou preparadas adequadamente, misturando-se os componentes necessários.

Com relação ao organismo-teste, por razões técnicas e econômicas, é impossível testar todas as espécies que fazem parte do ecossistema aquático. O critério mais amplamente aceito é o de se escolher espécies representativas de diferentes níveis tróficos (posição na cadeia alimentar).

Assim são relacionados os organismos representativos de cada nível trófico como algas, micro-crustáceos e peixes.

Para avaliação dos efeitos tóxicos das substâncias no meio aquático são utilizados, por exemplo:

Algas Scenedesmus quadricauda
Chlorella pyrenoidosa

Microcystis aeruginosa

Crustáceos Micro-crustáceos Daphnia pulex
D. magna (água continental)
Camarão Gammarus lacustris (água continental)
Crangon (água marinha)
Palaemonetes (água marinha)

Moluscos

Mexilhão: Mytilus edulis
Ostra: Crassostrea virginica

Peixes

Água continental Gambusia affinis
Carassius auratus
Pimephales promelas
Lebistes reticulatus ("Guppy")
Lepomis macrochirus ("Bluegill")
Poecilia reticulata ("Guppy")
Água marinha Menidia beryllina

No caso de organismos aquáticos, devido a grande variedade de espécies estudadas e a dificuldade de se obter testes de padronização, a indicação da toxicidade de substâncias é fornecida em faixas que variam de 1 a 1000 ppm.
Toxicidade a outros organismos : decorrente da dificuldade de estabelecimento de valores de toxicidade para o ser humano e animais superiores, lança-se mão de testes e bioensaios com outros organismos. Estes experimentos se realizam principalmente com as bactérias, por serem elas de triagem simples, desenvolvimento rápido e de grande aplicabilidade no monitoramento de substâncias tóxicas, cancerígenas e mutagênicas. Entende-se por mutação como uma alteração no material genético hereditariamente transmissível.

Os parâmetros escolhidos para exprimir a toxicidade foram os seguintes:
EC50 – Limite de Concentração de Crescimento Médio : exprime a dose de uma substância tóxica capaz de provocar a redução de 50% na população dos organismos testados.

MEC50 – Concentração Mínima Efetiva 50: exprime a concentração mínima de uma substância tóxica capaz de imobilizar 50% dos organismos testados.

DI50 – Dose Inibitória 50 : exprime a dose de uma substância tóxica capaz de provocar alterações ou lesões celulares em 50% dos organismos testados.

R.M. – Razão de Mutagenicidade: exprime a relação entre as células que sofreram mutação, ou seja, alteração no material genético transmissível à geração seguinte e às células vivas originais.

CE50 – Concentração Efetiva 50 : exprime a toxicidade a curto prazo de uma substância que por inalação em condições bem definidas afeta 50% de um grupo de seres vivos em teste, mencionando-se também a duração da exposição ao agente tóxico. Geralmente expressa em ppm, mg/m3 ou m g/m3 .

TLm – Limite de Tolerância : exprime a concentração de uma substância tóxica na qual 50% dos organismos em estudo sobrevivem.

L.Tox (T.I.M.C.) – Limite de Toxicidade (Teste de Inibição da Multiplicação Celular) : exprime a concentração de uma substância na qual, e abaixo da qual, os organismos não sofrem nenhum efeito nocivo. O teste de inibição da multiplicação celular preferencialmente realizado com algas microscópicas, bactérias e protozoários, avalia qual a mínima concentração que inibe a multiplicação das células destes organismos no processo de reprodução. Testes utilizados para detectar alterações genéticas:
mma Ensaio de mutagenicidade microssomal.

O método utiliza uma técnica "in vitro" na qual as freqüências de mutação são determinadas através da ativação enzimática de permutadores, na presença de um organismo indicador.
dnr Reparação do DNA.

O sistema utiliza um método de avaliação da capacidade de reparação do DNA no caso de um dano genético.
sce Permuta de cromátides irmãs.

O sistema detecta, em preparações citológicas, o intercâmbio de DNA entre cromossomos em metafase e produtos de replicação, aparentemente em locais homólogos
otr Transformação oncogênica.

O método utiliza o critério morfológico para detectar diferenças citológicas inter-celulares normais e cancerígenas.
mmo Mutação em microorganismos.

O método utiliza a detecção de alterações genéticas hereditárias em microorganismos os quais tenham sido diretamente expostos às substâncias químicas.
sln Perda do cromossomo sexual e não disjunção.

O sistema mede a não separação de cromossomos homólogos durante a meiose e mitose.
cyt Análise citogenética.

O sistema utiliza culturas celulares ou uma linha de células para avaliar as aberrações cromossômicas ocorridas após a administração de substâncias químicas.
bfa Ensaios com fluídos corpóreos.

O sistema utiliza duas espécies separadas, geralmente mamíferos e bactérias. A substância teste é inicialmente administrada no hospedeiro do qual o fluído (sangue, urina ou outros), é subseqüentemente retirado. Este fluído é testado "in vitro", e as mutações avaliadas em espécies bacteriológicas.
dnd Dano ao DNA.

O sistema detecta danos nas fitas de DNA, incluindo quebras, cruzamentos e outras anormalidades.
mrc Recombinação mitótica e conversão gênica.

O sistema utiliza um método de recuperação desigual de marcadores genéticos na região de troca, durante a recombinação genética.
mnt Teste de micronúcleos.

O sistema baseia-se no fato de que cromossomos ou fragmentos de cromossomos podem não ser incorporados em um dos núcleos-filhos durante a divisão celular.
pic Capacidade de inibição do fago.

O sistema utiliza um virus lisogênico para detectar uma mudança nas características genéticas, através da transformação de um virus não infeccioso em infeccioso.
dlt Teste de dominância letal.

Uma dominância letal é uma alteração genética em um gameta, a qual destrói o zigoto produzido pelo gameta em questão. Em mamíferos, o teste de dominância letal mede a redução do número da ninhada. Em insetos, mede-se o número de ovos não chocados.
spm Morfologia do esperma.

O sistema avalia as mudanças ocorridas na morfologia do esperma normal.
dni Inibição do DNA.

O método detecta a síntese de DNA, geralmente durante a fase não sintética.
hma Ensaio com hospedeiro-mediador.

O sistema utiliza duas espécies separadas, geralmente mamíferos e bactérias; detecta alterações genéticas hereditárias no hospedeiro mamífero, através da conversão metabólica de substâncias químicas ocorridas nas espécies bacteriológicas indicadoras.
slt Teste de "locus" especificidade.

O sistema utiliza um método para detectar ou medir as taxas de mutação em um ou vários "locus" recessivo.
msc Mutação em células somáticas de mamíferos. O sistema utiliza a indicação e isolamento de mutantes em culturas de células de mamíferos por identificação da alteração do gene.
trn Teste de translocação hereditária. O teste mede a transmissibilidade de translocações induzidas para as gerações subsequentes. Nos mamíferos o teste utiliza na descendência proveniente de pais tratados, esterelidade e fertilidade reduzida. Além disso, a análise citológica da primeira descendência ou das subseqüentes provenientes de pais tratados reafirma a prova da existência de translocação induzida. Na Drosophila sp, translocações hereditariamente transmissíveis são geneticamente detectadas, utilizando-se facilmente distintos fenótipos marcados e essas translocações podem ser verificadas através de técnicas citogenéticas.

Informações sobre intoxicação humana
A intoxicação é o conjunto de sinais e sintomas que demonstra o desequilíbrio orgânico promovido pela ação de uma substância tóxica. É portanto, um estado patológico do organismo frente à presença de uma dada concentração de um agente tóxico.

A forma de intoxicação poderá variar conforme a rapidez de absorção da substância tóxica, a rapidez de aparecimento e a severidade de sintomas.

Os sinais e sintomas fornecidos neste item bem como o tratamento imediato são referentes a uma exposição a curto prazo (intoxicação aguda), ou seja, a exposição é de curta duração e a absorção do tóxico é rápida.

Como regra geral, em qualquer caso de intoxicação humana, sempre deverá ser chamado um médico.

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